Distúrbios hemodinâmicos II
Continuando os distúrbios hemodinâmicos, falaremos agora sobre edema, hemorragia, aterosclerose e choque.
Edema
Esse distúrbio é caracterizado por um acúmulo excessivo de líquido no interstício ou em cavidades do organismo.
O edema pode ser inflamatório (exsudato – alto teor de proteínas em consequência do aumento da permeabilidade vascular) ou não inflamatório (transudato – baixo teor de proteínas devido a preservação da permeabilidade vascular).
Os principais fatores para que ocorra o edema são:
1 - aumento da pressão hidrostática que determina uma maior saída de fluido do capilar para o interstício; a partir do momento em que a capacidade dos vasos linfáticos de retornar o líquido em excesso para a circulação sanguínea é ultrapassada, teremos o desenvolvimento de edema.
2 - diminuição da pressão oncótica: quando há diminuição dessas proteínas reguladoras da pressão, há aumento da permeabilidade, causando o edema.
3 - obstrução linfática causará o aumento da permeabilidade.
4 - retenção de Na e H2O por consequência de alterações na bomba de Na/K
5 - aumento da permeabilidade vascular por eventos inflamatórios.
Hemorragia
Ao extravasamento de sangue por ruptura de vaso para o meio externo ou cavidades dá-se o nome de hemorragia.
A hemorragia pode ocorrer por traumatismos, aterosclerose, neoplasia etc.
Morfologicamente, há formação de petéquias, púrpura, equimose e hematoma.
Como consequências podem ocorrem hipovolemia, isquemia local e morte.
Aterosclerose
É causada, principalmente, por LDL que se adere na camada íntima do vaso sanguíneo e forma cristais. A partir daí, os cristais são reconhecidos como antígenos e os macrófagos tentam fagocitá-los, mas não conseguem fazer a digestão e morrem, liberando enzimas lisossômicas que recrutam células inflamatórias, diminuindo a luz dos vasos e aumentando a pressão arterial.
Choque
É uma alteração circulatória aguda e rápida que, geralmente, leva ao óbito.
Caracteriza-se pela incapacidade do sistema circulatório de manter a irrigação sanguínea adequada à microcirculação com consequente perfusão inadequada de órgãos vitais causando uma hipóxia. Logo, o choque causa hipoperfusão sistêmica pela redução do débito cardíaco (DC) e do volume de sangue circulante.
Há cinco tipos de choque: 2 da macrocirculação e 3 da microcirculação, respectivamente:
1 - Cardiogênico – alterações no miocárdio que impossibilitam que o coração bombeie adequadamente o sangue (ex: infarto, insuficiência cardíaca esquerda)
2 - Hipovolêmico - diminuição de líquidos do organismo, diminuição do retorno venoso e do DC (ex: hemorragia, desidratação por queimadura)
3 - Séptico – bactérias, principalmente Gram negativas , liberam endotoxinas que promovem uma vasodilatação, diminuindo o retorno venoso e o DC
4 - Anafilático – em respostas alérgicas acentuadas onde há aumento da liberação de vasodilatador (histamina) que diminui o retorno venoso e o DC
5 - Neurogênico – resposta vasomotora com vasodilatação, diminuindo o retorno venoso e o DC (ex: anestesia peridural)
O choque possui três estágios:
1 - Inicial – perfusão é mantida e há ativação de mecanismos reflexos compensatórios
2 - Progressivo – hipoperfusão tecidual e início dos desequilíbrios circulatórios
3 - Irreversível – inicia-se após lesões celulares tão graves que, mesmo que os defeitos hemodinâmicos sejam corrigidos, a sobrevivência não é possível .
Edema
Fígado com congestão e hemorragia
Hemorragia
Adesão plaquetária
Cascata de coagulação
Adesão e agregação plaquetária
Coagulação
Alterações no fluxo do fluído vascular
Cascata de coagulação
Bibliografia:
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